sexta-feira, 30 de outubro de 2009

De Todas as Maneiras

De todas as maneiras

Que há de amar

Nós já nos amamos

Com todas as palavras feitas pra sangrar

Já nos cortamos

Agora já passa da hora

Tá lindo lá fora

Larga a minha mão

Solta as unhas do meu coração

Que ele está apressado

E desanda a bater desvairado

Quando entra o verão


De todas as maneiras que há de amar

Já nos machucamos

Com todas as palavras feitas pra humilhar

Nos afagamos

Agora já passa da hora

Tá lindo lá fora

Larga a minha mão

Solta as unhas do meu coração

Que ele está apressado

E desanda a bater desvairado

Quando entra o verão


(Chico Buarque)




quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Tudo é tempo

Só o tempo apaga o que a dor nos lembra
Todas as fraquezas, todas as tristezas

Tudo leva e tudo revela.
Com o tempo aprendemos por tudo passar
Sem reclames deixar
Aprendemos a suportar
Injustiças, infelicidade, angústias.
Para voltarmos sempre inteiros
O tempo é verdadeiro
Tudo nos diz no momento certo
É flecha certeira
Ensina a perceber o que se esconde
Ensina a ter o coração aberto
Ele é bandido que assalta de noite
E Penetra os mais íntimos pensamentos
Brisa que sopra os sentimentos
Que sempre tentamos esquecer
Se por uma estrada me perder
Com o tempo eu me acho
Com o tempo aprendi a ser melhor
Aprendi que existe situação pior
Do que aquela que estou
Com o tempo me refaço

De tudo que fui e de tudo que sou

(Deiga Luane)



sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Poema do jornal


O fato ainda não acabou de acontecer e já a mão nervosa do repórter
do transforma em notícia.
O marido está matando a mulher.
A mulher ensangüentada grita.
Ladrões arrombam o cofre.
A polícia dissolve o meeting.
A pena escreve.
Vem da sala de linotipos a doce música mecânica.

Carlos Drummond de Andrade

P.S: texto de Drummond e uma realidade que espero viver... O Jornalismo é minha paixão!!!
Durante esse tempo que estou me dedicando a estudar esse "universo" jornalístico,
aprendi que um bom profissional deve ser o tradutor da realidade e a ética deve ser o seu norte.
Defendo a exigência do Diploma para exercer esta profissão. Não somente por ser estudante,
mas sobretudo por acreditar que Jornalismo ético e com responsabilidade social depende de
formação - ética, cultural, teórica, e tudo mais...

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Nostalgia...



Há tempos que as lembranças são simples retratos na parede da sala de estar,
Que os personagens e figurantes fazem parte de outra história;
Há tempos que as brincadeiras ao redor do pé de manga pertencem ao esquecimento,
As crianças já não são mais as mesmas,
Quando elas crescem, perdem a essência na inquietude de uma vida adulta ou põem-se a sonhar...
Assim como eu...
Há tempos que o meu olhar não tem o mesmo brilho,
Minhas mãos não têm o mesmo vigor
E meus passos se desviaram para um caminho incerto.
Há tempos que me deixo guiar por um Deus supremo,
E somente nele vejo o sentido de minha existência...
Há tempos que reluto em aceitar que o passado passa,
Que o presente não é só um presente
E que o futuro também passa por nós...
Há tempos que os sonhos se renovam, mas a nostalgia me acompanha...
Tenho saudades sim! Não quero simplesmente voltar no tempo...
Quero novamente um coração de criança,
Uma vida sem preocupações,
E somente a responsabilidade do dever de casa...
Quero deitar no colo da minha mãe...
Por um instante esquecer de tudo que existe
E embalada por um amor transcendente,
Quero sonhar com um jardim povoado de anjos...
Quero ver o rosto de minha mãe, linda Flor, entre os seres angelicais;
E entender por que o tempo a roubou de mim...
Quero de novo a família reunida:
Natal, ano-novo e festas...
Comemorar só por estarmos juntos...
Sentarmos em volta de nossos avós,
Olhar para o céu a procura de estrelas
E compartilhar cada detalhe de mais um dia que passou...
Meus incontáveis erros... esses não sei se dá para concertar...
Queria ter errado menos...
E quem sabe encontrar a felicidade nessas pequenas coisas...
De todos os retratos na parede, esses são os mais significantes.
O tempo nos atinge ora como brisa ora como tempestade: por onde passa tudo leva...

(Deiga Luane)



segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Borboletas...



Com o tempo, você vai percebendo que

para ser feliz com uma outra pessoa,

você precisa, em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquele (a) cara que você ama (ou acha que ama)

e que não quer nada com você,

definitivamente, não é o homem (a mulher) da sua vida.

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e,

 principalmente, a gostar de quem também gosta de você.

O segredo é não correr atrás das borboletas…

é cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar,

não quem você estava procurando

mas quem estava procurando por você!”


Mário Quintana

Um pouco de Cecília Meirelles... A poesia vicia!!!!

Motivo



Eu canto porque o instante existe

e a minha vida está completa.

Não sou alegre nem sou triste:

sou poeta.



Irmão das coisas fugidias

não sinto gozo nem tormento

Atravesso noites e dias

no vento.


Se desmorono ou se edifico,

se permaneço ou me desfaço,

— não sei, não sei. Não sei se fico

ou passo.



 Sei que canto. E a canção é tudo.

Tem sangue eterno a asa ritmada.

E um dia sei que estarei mudo:

— mais nada.






sexta-feira, 2 de outubro de 2009


Canção para meu Deus

Eu preparo uma canção
Para louvar o meu Senhor
Me curvo em adoração
Como prova do meu amor


Agradeço pela Tua graça
Pelo Teu supremo bem
Por Teu saber que ultrapassa
Quando Teu Espírito Santo vem


Os meus passos
São por Ti reconhecidos
És Senhor de tudo que faço
Sou vitoriosa, estou contigo.


Meu Deus é amor
E perdoa os meus pecados
Ele é o meu Senhor
E está sempre ao meu lado


Mesmo se eu cair
Logo me levanto
Com Ele aprendi a sorrir
É por isso que canto

(Deiga Luane)



Mas Eu



Mas eu, em cuja alma se refletem


As forças todas do universo,


Em cuja reflexão emotiva e sacudida


Minuto a minuto, emoção a emoção,


Coisas antagônicas e absurdas se sucedem —


Eu o foco inútil de todas as realidades,


Eu o fantasma nascido de todas as sensações,


Eu o abstrato, eu o projetado no écran,


Eu a mulher legítima e triste do Conjunto


Eu sofro ser eu através disto tudo como ter sede sem ser de água.

P.S.: Escrito por um grande mestre: Fernando Pessoa.

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Procura Incansável


Eu procuro por mim
Como quem desvenda um mistério
Procuro aonde andei; lugares que me revelem.
Mesmo as velhas cartas;
Releio; porventura elas me encontrem.

Por acaso me deparo na trilha da existência?
Quem me roubou de mim? Não sei!
Procuro pela minha essência


Na minha bagagem...
Me encontro vazia.
Não sei o que sou,
Só o que serei.

Ando pela cidade em noites chuvosas,
Como quem pede passagem.
E os que param eu desafio...

Eu, este pronome solitário
Que não sabe onde vai
E que surpreende os olhares apreensivos
Eles me julgam e eu não me calo.

Eu, eu mesma...
Misto de sonhos e cansaços.
Impaciente e imperfeita,
Provocante e contraditória,
Continuarei o meu percalço.

Será meu semblante no espelho?
Vejo a imagem alterada e disforme
Vejo um perfil destoante
Olho nesse olhar: incógnitas.
Olho nos olhos vermelhos.
Se me descubro, não me revelo.
Sou uma realidade insana...


(Deiga Luane)