quinta-feira, 18 de março de 2010

É preciso não esquecer nada (Um pouco de Cecília...)


É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence.

Cecília Meireles

4 comentários:

  1. Amiga.

    Penso que é preciso saber que pertencemos ao amor,
    mesmo que o amor tenha nos machucado.
    Que fazemos parte do bem,
    mesmo quando o mal parece triunfar.
    Que não somos donos da vida,
    mas jardineiros da vida que sonhamos
    para o mundo.

    Que teu coração seja sempre casa de alegria.

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  2. Lindo poema, nunca devemos esquecer do amor, esquecermos umpouco de nós e lembrarmos das pessoas que nos cercam.

    Abraços

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  3. Oi Deiga

    Grande Cecília! Amo suas linhas... Nestas vejo a busca da forma, onde um peso tem que ser similar ao outro.

    Bela escolha!

    Bjuxxx e xerooo

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  4. Sem dúvida, há em Cecília a angústia dos poetas sonhadores.

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